Plus Size sim com muito orgulho! - Entrevista com Zairah Faruk

4

Nefertiti  Belly Dance Plus Size 
(esquerda p/ direita)  Zumarrah Acbas, Zairah Faruk e Vanessa Verdasca

 
Para quem não sabe, Plus Size é um termo inicialmente utilizado pela conhecidíssima bailarina e pesquisadora americana Shira, que em seu famoso website escreveu artigos incentivando mulheres cheinhas a se destacarem na Dança do Ventre

Recentemente no Brasil, a bailarina Zairah Faruk fundou o grupo NefertitiBelly Dance Plus Size, motivando  as brasileiras a perderem o preconceito com o próprio corpo.

O corpo arredondado sempre fez parte da própria tradição da Dança Oriental, considerando que nos países árabes a beleza feminina tem uma padrão diferente em relação ao Ocidente. Em certas regiões da África  a escassez de comida leva determinados grupos étnicos relacionar gordura com fartura, riqueza e saúde.

A relação beleza, magresa e saúde é também moderna no Ocidente, se você olhar um pouco para trás observará em pinturas antigas que as beldades pintadas exibem ventres fartos e quadris avantajados. 



Zairah durante o Belly Dance Nights de Patricia Bencardini

Beldades esqueléticas fazem parte de um padrão estabelecido pela indústria da moda que tem como princípio utilizar cabides humanos no lançamento de novos produtos. 

Enfim, um padrão que parece ter invadido o mercado da Dança do Ventre brasileira. Com justificativas comerciais talves para eliminar aquela pergunta estereotipada: "Dança do Ventre dá barriga?" ou porque fazemos parte de uma era em que tudo deve se encaixar  em uma linha de produção, e a arte virou produto a ser vendido em prateleira, com etiqueta de preço, embalagem etc...

Bailarinas qualificadas por peso, qualidade dos cabelos, unhas, figurino - alguém se lembra de como as escravas eram selecionadas nos mercados? Pois é, da mesma forma, contando-se os dentes, assim como os cavalos e os camelos.

Beleza é importante, cuidado e higiene  do corpo também, mas ser escravo de uma linha de montagem não condiz muito com os princípios de liberdade feminina fundados pela Dança do Ventre.  

Magreza também não está relacionada à saúde, mas com o tipo de metabolismo do corpo ou por outras condições físicas e psicológicas. Uma pessoa magra pode ter colesterol altíssimo, por exemplo. 






Zairah Faruk - photo Renato Garcia






Aqui começamos nossa entrevista, e espero isso motive outras mulheres a se aceitarem mais na beleza que a Natureza ofereceu para elas e não se limitem a serem parte da platéia, mas a defrutarem  dessa benção que é dançar.




IZ - Quando e por que você começou estudar a dança oriental?
ZF - Iniciei meus estudos de dança oriental em 1992, com a professora e bailarina Cláudia Cenci que na época dava aulas no Clube Sírio Libanês e foi lá que comecei a fazer aulas. É interessante ressaltar que quando eu comecei a aprender o material de dança Oriental não era tão acessível como é hoje em dia. 
Eu assistia  assisto até hoje vídeos das bailarinas mais renomadas do Egito que me foram apresentadas pela Simone Bomentre, que possuía um enorme acervo de vídeos incríveis. Na época não tínhamos a facilidade de assistir vídeos no youtube, então era mesmo estudar em fitas de VHS.
No início da minha carreira como dançarina eu me julgava o patinho feio, porque acreditava nunca estar bem preparada para dançar. E aos poucos eu fui superando essa barreira criada por mim mesma e hoje estou ai batalhando pelo meu sonho. Depois eu fiz diversos workshops com as mais conhecidas bailarinas de renome, entre elas Soraya Zaied, Gisele Bomentre e Sherazzade Kundalini a grande mestra das mestras.
Acredito que nós devemos estar em constante aperfeiçoamento e por esse motivo, acredito que ainda sou uma aprendiz e vou ser uma eterna aprendiz. Tenho plena consciência que não serei uma super estrela mesmo porque, eu tenho uma profissão que não é relacionada à dança, mas enquanto dançar me fizer bem eu continuarei.


 "A melhor forma, de acabar com o preconceito, é enfrentá-lo!
  Dançando sempre e mostrando que somos capazes de
 realizar a dança do mesmo jeito que as magras. 
A dança é feita pra todas nós mulheres, sem restrições."


IZ - Quem tem inspirado mais em suas danças? Por quê
ZF - A minha eterna inspiração Era de Ouro egípcia. Entre as estrelas dessa época a que eu mais amo é a Naima Akef. Também estudo muito: Samia Gamal, Suhair Zaki , Fifi Abdu e Hayetem. Na minha humilde e sincera opinião, é de suma importância que nós bailarinas estudem as dançarinas egípcias, principalmente desta época.Em relação as bailarinas da atualidade eu estudo os vídeos seus que eu gosto muito, os da minha querida irmã de dança, Yasmine Amar, Yasmin Namum (que é divina), Patrícia Bencardini e Serena Ramzy que  dispensa qualquer comentário. Em cada uma eu encontro algo que possa acrescentar  e  aprimorar o meu estilo de dançar. 





IZ - Quando surgiu essa idéia de um grupo “Pluz Size”?
ZF - Bom, a idéia do Plus Size surgiu como um insight depois de eu ler algumas coisas em blogs e até mesmo no Facebook e Orkut, que eu pessoalmente, considerei um absurdo ao meu ver. Não convém e não há necessidade de comentar.
Então eu pensei – por que a dança do ventre feita exclusivamente para mulheres, pode ao mesmo tempo excluir grande parte das mesmas? Tudo porque estão fora de um “padrão”  pré-estabelecido sei lá por quem e em quê momento?
Andei analisando vídeos de bailarinas estrangeiras e percebi que a visão da dança em outros países é puramente cultural. Não existe aquela visão medíocre de que só as magras e esbeltas podem dançar. Em muitos dos vídeos que eu vi, as bailarinas são muito aplaudidas e não há nada que às impeça de dançar com graça e beleza.
Então, após conversar com muitas bailarinas eu tive a idéia de reunirmos e formar um grupo. Recebi o apoio de diversas pessoas entre elas Nete Salmah que apoio a idéia e batizou o Grupo como Nefertiti Belly Dance Plus Size.
A idéia foi bem aceita e acredito que vão surgir muitos outros grupos com esse mesmo estilo. Mesmo porque, aqui no Brasil existem muitas bailarinas “gordinhas” - carinhosamente dizendo - e que são super famosas e arrasam na dança do ventre.






IZ - Padrão de beleza definido pela Indústria do Entretenimento. Até quando viveremos sob um olhar masculino em relação a mulher?  Não está na hora de quebrarmos com essa submissão?
ZF - Certamente. Cabe à nós mulheres fazermos por onde superarmos essa barreira. Padrões de beleza impostos pela indústria pode fazer com que você se sinta excluída da sociedade. Falo isso por experiência própria, diversas vezes da minha vida eu me senti fora do contexto por não ser uma modelo de capa de revista. Isso me fazia se sentir incapaz de realizar meus sonhos. Um deles era dançar. Hoje eu consegui lutar contra toda essa barreira e mostrar que a Arte é vista em diversas formas e sobre vários pontos de vista. O que para mim pode ser feio para outra pessoa pode ser lindo.
É assim que a dança deve ser vista, sem preconceito quanto à raça, forma do corpo, idade, etc.
A dança deve ser a expressão da alma feminina sempre.


photo Renato Garcia



IZ -Como lidar com esse preconceito?
ZF - A melhor forma, de acabar com o preconceito, é enfrentá-lo!  Dançando sempre e mostrando que somos capazes de realizar a dança do mesmo jeito que as magras. A dança é feita pra todas nós mulheres, sem restrições.



photo Renato Garcia



IZ - Você foi convidada a participar de um Festival em Marrocos, conte mais sobre isso?
ZF – Bem, na verdade não é só num festival e sim eu fui convidada para dançar em um restaurante lá.  A pessoa ao ver meus vídeos no Youtube me procurou no Facebook e me fez o convite. Como eu sou professora da rede pública estadual eu conversei com a responsável pelo convite para que eu possa ir em dezembro, pois estarei de férias.
Confesso que quase cai da cadeira ao receber essa proposta. Realmente fiquei lisonjeada porque é muito importante saber que seu trabalho está sendo reconhecido em países árabes. Isso faz com que eu me sinta importante de alguma forma. Daí que podemos percebe as diferenças culturais nitidamente, porque mesmo estando acima do peso para o olhar dos brasileiros, para os árabes eu não fui questionada e sim elogiada pela forma de dançar.





4 comentários:

  1. Parabens pela matéria!!!

    Sou plus size, e amo dançar.
    A dança me proporciona bem estar, e apesar da dificuldade em ter q fazer meus proprios figurinos, acho q o importante é dançar bem


    Bjus

    ResponderExcluir
  2. Agradeço querida fico feliz viu também tenho dificuldade quanto ao figurino mas no meu caso eu mesma produzou as minhas roupas. E o importante como vc diz é continuarmos dançando e resgatando anossa feminilidade! Grande abraço! Zairah

    ResponderExcluir
  3. Nossa que linda a matéria...
    Parabéns para a Isis e a Zairah...
    Eu sou gordinha e morro de vergonha do meu corpo. Mas graças a Dança do Ventre, estou conseguindo resgatar minha auto estima e minha feminilidade!!!
    Vamos juntas, acabar de vez de que para ser aceita na sociedade precisamos ser magras.
    Basta!
    Gordinhas são lindas e sexy´s sim!!!!

    Adorei a entrevista =)
    Um grande beijo,
    Lu
    Facebook: Luisa Ortega

    ResponderExcluir
  4. Bjos querida e vamos dançar que faz bem a nossa alma!!!!

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...